sábado, 5 de novembro de 2011

Na terra de diamantes, cinzas e alguns caminhos

Pensar teatro hoje, entre milhões de pessoas, ou entre todas as cifras, tabus, intimações... enfim, pensar teatro é difícil. Vira e mexe vem a sensação de que da vontade de largar tudo. Aos mesmo tempo tem a sensação de que as coisas vão acontecer por si só. Basta trabalhar.

Mas não era isso que eu gostaria de escrever.
Na verdade iniciar um texto é como iniciar um novo caminho. Estou lendo "A terra de diamantes e cinzas" do Eugenio Barba. Ele falou que levou muito tempo para aprender que tem muitas coisas em que nós fazemos devemos nos abster de nós mesmos. Barba ao falar sobre a exaustão dos trabalhos no Teatro Laboratório de Grotowski (na época em que estagiou lá), para fazer os exercícios era preciso ficar vazio. Que era necessário, em muitas das vezes fazer algo pensando num ponto muito a frente, ou numa pessoa. Se esvaziar. Infelizmente agora eu escrevo esse texto sem o livro ao meu lado, pois poderia colocar exatamente o que ele falou. Mas é mais ou menos assim que ele gostaria de falar. Barba falou que muitas vezes fazia os trabalhos, as sessões de ensaios exaustivas, observações tediosas de algumas rotinas, em relação ao Grotowski. Claro que depois ele viu o que resultou daquilo tudo e como muitas coisas ali instalou dentro dele noções e forças para fazer teatro.
Acho interessante falar sobre isso, e maravilhado por ler esse livro nesse exato momento, porque tenho dentro de mim muitos momentos de estresse e raiva em minha rotina. Muitas vezes minha vontade de trabalhar é grande, mas as vezes alguma coisa acontece. As vezes sinto a vontade para expor algo, e extremamente culpado para pedir ou não fazer algo. Quando consigo conciliar algumas coisas as facadas aparecem. Não em mim mas no outro. Lacan fala daquele negócio de que: "o desejo é o desejo do outro'. E quando alguém gostaria o meu desejo?

"É melhor ser alegre que ser triste." Ou estressado. Ou com vontade de se impor para manter um discurso que é verdadeiro, mas paira na nossa realidade. O que vejo por todos os lados e cantos desse fazer teatral é discursos que, por mais fortes que sejam, sempre tem um ponto de contradição. E outro de rompê-lo. Rompê-lo no sentido de reiventá-lo.

Não sei, nada sei, são devaneios, pensamentos que exponho depois de muito tempo. Acho que o teatro está em crise sempre. E quem faz teatro também. Por mais romântica que a pessoa seja, ou que afirme que faz teatro, que é uma pessoa de teatro... tenho a certeza de que muitas vezes a crise no seu fazer teatral volta.

Porém como fazer teatro é o que nos move, nunca paramos.