domingo, 25 de outubro de 2009

Minha casca

Estou mostrando minha casca
Onde muito me diz
E onde não me diz nada

Onde parte todas as linhas que me mechem
Onde estão todas as linhas são mostradas
Minha casca

Ela envelhece
Ela fortifica
Ela está a mostra

Mas ainda estou intacto

Ainda permaneço escondido
Não por opção, mas porque é assim.

Muitos olhos me viam
Mas não me olharam
Não conseguiram enxergar o que de fato
Era importante
Ou talvez
Significante o suficiente pra mim...

Minha casca exposta
É um sinal de coragem?
Um sinal de entrega?
Desnudamento?

Ainda estou esperando
Não deles
Mas de alguém que ainda não sou.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Jogo Social

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

O que fazer para chocar?

Às vezes alguém fica doente, tosse parecendo um velho, segura os pulmões para não saírem pra fora, chega a chorar de tanta força que faz para tossir e seu cérebro parece que vai explodir e cair em migalhas pelo chão.
Mas ninguém da bola, pergunta se quer água, ou se já tomou remédio e deu.
Às vezes alguém machuca o joelho caindo. O joelho incha, e como a pessoa tem a pele branca, logo ela fica uma mistura de vermelho, roxo e preto, é horrível. Alguns riem, outros não dão bola, outros fala “idiota”, “boca-aberta”, depois de um tempo, a pessoa que se machucou ta sentada sozinha com vontade de matar alguém.
Ninguém da bola é só um pisado.
Às vezes passa um mendigo por nós na rua, falo às vezes, por que ninguém mais o nota. É normal, e para as pessoas é até bom evitar eles. Talvez porque sejam sujos, fedidos, bichos urbanos do novo século XXI, remanescentes de tantos séculos atrás. Os seres humanos são tristes.

Deveria ter um paredão, de uns 200 metros de comprimento e 5 e altura, poderia ser na região do porto. Ali toda semana pessoas seriam executadas, com dois tiros no peito e um na cabeça, transmissão ao vivo na TV, seria sucesso!
Mas provavelmente ninguém daria bola, ninguém da bola.

sábado, 10 de outubro de 2009

20:00

Sábado chato e lento. Ainda tenho em mente as coisas que aconteceram ontem. Todos os gestos, toques, beijos e palavras. Agora to aqui no meu quarto iluminado pela tela do computador, escutando Tchaikovsky, o mago russo. As músicas dele são lindas, tristes e pesadas. Quando escuto ele minha alma sobe até o ponto mais profundo do Céu, e logo após, despenca lá de cima como uma rocha gigante e enorme, pesada, caindo no chão e explodindo com o impacto em mil pedaços. Pode tocar russo suicida maldito. Filho da mãe.
Poucas pessoas souberam fazer as coisas direito no passado. Não cito hoje em dia, porque hoje em dia tudo é copiado, ou vem do lixo, ou serve apenas para levantar dinheiro. Quem faz direito não é reconhecido. Talvez nem precise, quem da valor? Foda-se, não sei.
Aliás, de algumas coisas eu sei. To com sério problema de concentração no trabalho. Não consigo parar e ler certas coisas. Grotowski é muito bom. Stanislavski melhor ainda. Mas o problema não é esse. É a porra da literatura!
Eu me sinto um idiota por certas coisas e outras não. Leio muito, isso é um fato. Nessa semana li três livros, compreendi, analisei, interpretei. Foi lindo. Mas e o que eu preciso? É difícil, a obrigação é quase como um chute no saco às vezes. E esse Bukowski é um porra loca desgraçado, me faz rir. Fazia tempo que eu não lia algo que me fazia ri.
Isso me faz pensar em todos os meus falsos sorrisos do dia a dia. Tem gente que é muito chata, ou que quer agradar sempre. As pessoas são chatas, isso é comprovado cotidianamente, ou vivencialmente. Confesso que da pra contar nos dedos o número de pessoas que gosto de conversar, que deixo de fazer algo, ou pensar outra para me atirar na conversa. As outras pessoas são um peso morto. Não interessa.
Esse chiado maldito da caixa de som ta me irritando. Vou concertar essa merda e já volto.
Desliguei umas das caixas de som. Não conseguir abrir a caixinha por falta de equipamentos.
Agora toca Chopin. Noite de clássicos, queria dançar até, mas ela ta doente. (Tadinha tossia muito ontem à noite, bebeu, fumou. Não quero falar dela. Sou vou falar dela quando ela estiver perto de mim.)
Voltando ao assunto, ler o que eu tenho que ler ta sendo difícil, parece obrigação. Mas é.
- Comprometimento ao trabalho.
- Eu sei.
Já que não vou sair hoje, por motivos de saúde maior (tadinha...), vou aproveitar e ler o que eu tenho que ler e estudar. O texto é enorme, mesmo assim quando o leio vou até o final. E também, a noite é mais produtiva que o dia. O dia é desgastante, poucas vezes lindo e encantador comparado com a noite. A noite o silêncio é bravo, as estrelas estátuas brilhantes, e o infinito fica mais infinito do que nunca. E Chopin dança sem para, quase morrendo, quase voando, no meio de jardins, entre guerras, vai e volta...
Tenho desejos e não me desprendo deles, e agora, tenho sentenças de mortes também. Obrigado Chopin, polonês filha da puta!

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Heterônimo sem nome

Semana pesada. Faz muito tempo que não escrevo, pois eu estava viajando. Não era um lugar muito longe, mas era confortável. Talvez seja por isso que quando ouve quebra eu despenquei. Sabe? Viver é uma arte. Concluo dentro da minha ignorância, e mínima percepção de mundo e todo o caos que a cerca, não basta compreender, ou saber disso e daquilo, é necessário viver de fato.
É perigoso. É prazeroso. É triste e feliz.
Bom faz tempo que não escrevo, como já disse, estava viajando. O lugar que eu estava era lindo! O céu passou dias azul, um azul contagiante que me fazia sorrir. Quando tinha nuvens, eram pesadas, riscavam o chão, mas elas vinham para me abraçar... E a Lua! Que bela a Lua, pena que ela é inacessível, como tantas outras coisas... É... O lugar era bonito. Era quente, doce, leve, encantador, dava para se admirar horas e horas, todas suas paisagens e cada mínimo detalhe. Estava voando dentro de um sonho que existia dentro de mim, desde o tempo na qual eu nem sabia quem eu era.
De repente, da calma fez os trovões, do inevitável a confusão, do desejo a negação, do amor a solidão. Num instante qualquer, na qual já pressentia, fiquei imóvel, sem fala jogado num canto sujo e frio, que há tanto tempo vivia – estava em casa novamente, mas o lugar que eu estava era melhor, é bom viajar sim, mas o retorno é torturante, diria até uma maldição – e não sabia o que fazer. A situação estava contra mim, o tempo, as nuvens, o vento, o Sol, a chuva, a Lua... Retornava eu a mim mesmo.
Fazia tempo que não escrevia, mas agora estou de volta pra minha casa. A onde vou ficar durante muito tempo. Choro por isso.
Momentos assim em faz desejar a morte... Mas ainda da pra viajar muito. Mas é essa maldição: não importa onde eu for, minha casa estará me esperando.