segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Monólogo I

Há um certa dificuldade de se conviver com dificuldades, mas não há dificuldades para se tentar quebra-las. Sigo numa etapa dificílima pra mim: monólogo. O Diário de um Louco me mostra uma face, em quanto tento bater na outra.
O texto se mostra imperativo e minhas ações efêmeras. Quero criar uma ligação intensa entre eu e o público. Como fazer isso? [...]
Quero que eles fiqeum 90% do tempo com seus esfíncteres apertados. Quero grito, quero silêncio, quero escuridão... Aberração, distorção...

A loucura realmente existe? Quem leva a vida normalmente é que é louco.


O Buraco do Espelho
Arnaldo Antunes

o buraco do espelho está fechado
agora eu tenho que ficar aqui
com um olho aberto, outro acordado
no lado de lá onde eu caí
pro lado de cá não tem acesso
mesmo que me chamem pelo nome
mesmo que admitam meu regresso
toda vez que eu vou a porta some
a janela some na parede
a palavra de água se dissolve
na palavra sede, a boca cede
antes de falar, e não se ouve
já tentei dormir a noite inteira
quatro, cinco, seis da madrugada
vou ficar ali nessa cadeira
uma orelha alerta, outra ligada
o buraco do espelho está fechado
agora eu tenho que ficar agora
fui pelo abandono abandonado
aqui dentro do lado de fora


É isso!

terça-feira, 25 de agosto de 2009

é preciso ter entusiasmo, vontade, entrega...
já dizia uns mestres por aí.

bueno, cá estou... novo semestre começando a mil por hora, com mil projetos, mil textos, mil ações, mil vontades...

domingo, 9 de agosto de 2009

Sem nome

Ontem apresentamos mais uma versão das CRIAS. O pessoal gostou aparentemente. Ouve risos, aplausos, nervos em atividade, olhares fixos... quer dizer, não sei na verdade. Me concentração foi boa nessa apresentação, só lembrei que o público estava ali no local quando riram.
Teve duas cenas que eu gostei: A primeira bem no começo quando é a revolta das criadas, e no final naquele bife enorme é mencionado.
Ainda tenho que melhorar em muitos aspectos. Ainda não encontrei aquela embriaguez desejada para a peça e para quase tudo.
Muitos pontos da peça ainda estão fracos e deixam a desejar, mas nada que destrua a peça por inteiro. Vamos ver como se seguirá os próximos meses, porque a muito que se fazer.
Gostei do cenário ontem.

A sensação que eu tenho, é uma sensação de estado de eterno aprendizado para o resto da vida em qualquer aspecto e gota de razão. Quanto mais aprendo mais vejo que não sei e não conheço nada. Por isso que quando alguém me chama de ator, não sei se é por descuido de pronunciação, ou por não saber meu nome, ou achar impróprio me chamar de estudante, ou de coisa parecida, sinto me exprimido e com vergonha, por que não sou ator. Ainda não conheço a vida, o teatro e nem eu o bastante pra dizer algo desse tipo.
Torno isso impronunciável.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Máscaras do dia dia

Já dizia um heterônimo perdido meu:

To relaxado. To numa onda que me leva sem direção, no sentido de falar falsetes em troca de carícias. Eu me divirto... choro. Sinto o tempo passando, apenas isso, passando. Pior sensação do mundo, tentar mudar o seu próprio e o tempo passando. O frio, a preguiça, a desmoralização, eu não consigo mais confiar nas pessoas, não confiaria em mim em cercas situações, por que confiaria nos outros? Confio sim. Confio em mim também. Não confio no mundo todo, na humanidade, no frio, na preguiça, na fome, no cansaço, no verso inacabado, no beijo não dado, no poema jogado fora, nos suspiros falsos, e nas minhas palavras falsas.
Eu sei quais são. Sei quando faço de propósito, afinal, tem que ter algum propósito e eu tenho que saber deles. Senão não teria graça. Jogo no mesmo jogo que o mundo joga comigo. É um sendo uma pessoa na frente de um, e sendo outra na frente de outra. Me tratando de uma maneira e outro me tratando de outra, e eu tratando eles como senão soubesse, sabendo. Quem sou eu?
Eu sou o que quero ser, ou o que eles querem que eu seja?
Preciso refazer meu mundo. Meu canto sagrado de declarações que ninguém entende. Simplesmente cansei de tudo.
De brincar com meus falsetes, que há tempos já não sei mais brincar, de todos os outros e os outros todos.
Mas ao mesmo tempo, senão tivesse esse jogo todo... que graça teria?

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Muito trabalho.
O importante na verdade é ter disposição, estar sempre motivado, fazer as coisas com prazer.
A rotina ainda não me agrada. Não consigo fazer sempre a mesma coisa um dia após o outro. Gosto quando um dia é diferente do outro, são novas formas de se vê, pensar e fazer tudo.

Tem que ter entusiasmo.

sábado, 1 de agosto de 2009

última semana

Segure minha mão, vamos atravessar o rio aos poucos. Desde pequeno que esse rio esta aqui, apenas no inverno ele enche. Podemos atravessá-lo a pé sem maiores problemas.
Não se estranhe é assim mesmo. São os peixes, eles nos beijam, dançam em torno de nosso corpo, de nossa pele. A sensação me faz sentir criança, me faz sentir vivo.
Veja! Tudo esta envelhecido. A laranjeira, a parreira, a casa, a garagem, o portão, a estrada. O tempo não perdoa, nem deveria. Se todas as coisas continuassem como estão seria uma decepção manter-se vivo. Mas as coisas boas deveriam ficar. Quanto? É muito tempo acho, na verdade, não sei.
Você ta diferente. Não, não, não. Você não mudou. Teus olhos são os mesmos, tuas mãos, tua alegria, teu sorriso... Não. Você não pode ter mudado tanto em tão pouco tempo. Sim, mas eu digo de mim. Minhas orelhas indicam noites intermináveis, dores de cabeças infernais, lágrimas escondidas e apreendidas... incompreendidas, tristes.
Sabe Aline, estou velho. Descobri tentações, desejos, prazeres, medos, virtudes, dúvidas, canções, textos, palavras, sorrisos... O mundo da tantas voltas... Sério? Pena que você só vê o que eu aparento, só vê o que ta aqui. O físico. O que envelhece pode ser escondido, assim como sua beleza. Os olhos não são a porta de entrada para a alma. Nem o sorriso, nem as palavras.
Não sei. Tem perguntas que não possuem respostas.