segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Origens meu amigo

Voltar as origens.
Voltei a origens em mim mesmo. Numa outra situação meio indelicada ou indecisa, até infantil de minha parte - meu fígado sabe disso -, me mostraram uma de minhas origens: eu mesmo. Ou um dos meus eus. Foi legal eu reler e ver o que eu pensava um ano atrás, dois anos atrás, aqui mesmo neste blog. Algo que não lia e nem revia há muito tempo. Foi bom.
O que achava quase impossível aconteceu: renasci, por algumas coisas que eu mesmo escrevi e pensava. Estranho. Mensagem póstumas parecia.
Escrevo no blog agora por causa disso mesmo.
É preciso manter esses textos como parte minha, como processo. Como alimento e brasa.
Ainda não sei para onde as coisas vão ir, ou chegar. Mas Grotowski estava certo: na dúvida volte as origens. Descobri que faço parte de minhas origens também. O meu passado faz parte, o que pensava o que fazia, o que perdi, o que ganhei.
Um sincero e quase tímido obrigado.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

mefistófoles

agora flechas. raios suspensos na imensidão, caindo com toda pressa possível. cortes em minha pele, sangue molhando meus pés, encharcando o carpete que não existe. ossos a mostra. luz que me cega, tornando tudo opaco e sem vida. notas sem silêncios. vermes agarrados em meus dentes. uma língua afiada prestes a detonar seu próprio dono. nos dias de hoje sair de casa é como uma sentença barata e vulgar. cada noite uma vida e batalha perda. conto mortos pelo meu corpo para dormir. enforco meus sonhos para que eles não me iludam mais. sem ordem certa. os pés dançam. minhas mãos esfregam minha genital, um prazer seco, brutal e triste. dentes a mostra, mas falsos. falsos. tudo é falso e meus olhos aqui. meus pulmões negros e sem vida. costas se abrindo e doendo a cada centímetro. não sinto pena de mim. mas pena dessa vida. cabelos entupindo o ralo do banheiro. baratas pulando ao meu quarto, dividindo minha cama, beijando a sola de meu chinelo no meio da madrugada. socos involuntários. giros incontroláveis. gritos ao ar. todos os santos e mefistófoles se afastam de medo. uma alma se agride e se atira num buraco ao chão cheio de merda, chamem de vida se quiserem. milagres esquecidos. se eu não tivesse uma perna tudo seria diferente. um braço. uma arma. vendo minha Mente, meu pseudônimo, minha sombra, meus livros, meu nada e meu fígado. TrÊs ReAiS. Em troca dou todo o resto. Minhas leituras, piadas, sorrisos, exibicionismos, ereções, espirros, todos os textos. Qualquer coisa que eu faça agora e depois. em troca um motivo. um clarão. uma revolta. uma paixão. um sopro. um derrame. um AVC. qualquer coisa que me tire daqui. e me coloque num lugar melhor. mas você entende o que eu digo? estou caindo a meses. e quero um fim de uma vez.