sexta-feira, 13 de agosto de 2010

numa certa manhã

alguns objetos me olham, milhares de vezes. outras centenas de vezes, eu os olho. observo atento, quieto, deixando o silêncio tomar conta de mim, e escutando a sinfonia das coisas. penso sobre meu casaco molhado pela chuva largado para secar na cadeira. minha caneta ao lado do meu caderno deixado em cima da mesa no centro da sala desta casa que grita de frio pelo vento que vem lá de fora. o vento fala coisas, siuu, chuuuu, vruumm. que divertido! mas aterrorizante. nada para. o meu mundo não para, apesar de algumas das poucas estrelas de meu Céu estarem apagando, e tudo ficando um pouco mais escuro na noite, o meu mundo não para! me canso um pouco dessa imagem parada, pois agora parou, não tinha se mexido antes, nunca se mexeu, foi tudo culpa minha. morte a minha volta. e assim os dedos das minhas mãos se cruzam e repousam sobre minhas pernas. meu olhar desce devagar, ainda em silêncio. e vejo minhas mãos. com os dedos vermelhos, as veias e artérias soltadas e o sangue percorrendo nela. e o sangue se torna agora o barulho a ser ouvido. e minhas mãos agora estão quentes, o sangue vai subindo, o pulso, o cotovelo, o braço inteiro. tudo esta formigando. o sangue (vermelho?) corre, como se estivesse antes parado, como se eu nunca tivesse sangue, como se eu fosse uma múmia e recebido uma injeção enorme de sangue. uma transfusão de vida! os objetos continuam intactos e meu corpo reage a mim mesmo. estou vivo e meu casaco agora ainda continua molhado. mas algo mudou, não sei o que. minhas mãos se afastam, cada qual para um caminho me ajudando a me colocar numa posição agradável na cadeira.

tudo continua imóvel. a casa ainda treme pelo vento. o vento ainda fala coisas, não é uma língua que intendo, mas a sinto. a mesa, o caderno, a caneta, eles continuam parados me olhando. não entendo o que acontece. mas acontece algo, aconteceu, deveria ter acontecido, ou ter percebido antes, e agora não para. continuo?

sábado, 7 de agosto de 2010

morte e vida

tem momentos da vida que você consegue colocar as palavras certas no lugar ideal, e assim, tudo fica claro e lindo.

aquele lugar era um campo aberto, cercado de árvores e coisas que não se viam. era noite. sabia que estava em pé na grama, cercado por algumas tundras. olhava para frente, pro lado, para as minhas costas, era só uma imensidão negra, que ficava a uns vinte metros de distância de meu olhar. mas nada se via, nada se ouvia e e pouco se sabia onde pisava. é a dualidade da noite e do dia. e ali o meu dia seguia. apesar da escuridão, da mata negra que escondia o que não sabia que existia, ou o perigo se mostrando pelo silêncio e calmaria, parecia que eu retornava para dentro da cidade, para dentro da sala de aula, na minha casa, ao conversar com alguém na rua. é tudo negro, tudo escuro, onde é quase é sem luz, sem vida, aonde todos vivem e se acasalam na mesmice e chatisse da rotina. eu via o mundo todo ali e eu queria queimá-lo! em altas chamas verdes!

e quanto me entristecia pois voltava de novo a esse nada que me cerca diariamente, olhei para o céu. limpo. desconhecido. milhares de estrelas sendo vistas e olhando-me. a lua não estava, mas estava lindo. e vi que é ali que vivo. lá em cima. o meu olhar esta voltado aquelas pequenas luzes intocáveis, mas ao mesmo tempo de braços abertos eu tenho o universo todo. e essa gente toda, esse bando de inúteis, esses pesa-merdas, estão ali dentro da mata, incapazes de olhar o céu. de saírem dali, pois a escuridão é terrível. lá não há vida, nem poesia. lá é o nada. o vácuo. o espaço podre jogando o seu hálito em tudo. por isso não conseguem ver o que vejo. sentir isso tudo. é fácil, é leve.

sóbrio entro em êxtase. a natureza sempre me salva. assim como esses períodos de solidão.
mas isso tudo foi só pra ocupar um tempo.
não é real. nada nunca foi e será algo.
não sei onde me ponho nisso tudo.
mas em alguma parte eu fui parar... renascendo conscientemente.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Fantástico

Lendo aquilo tudo que um dia escrevi dentro de minha vida, no ano passado, no ano retrasado, nas minhas decepções, brigas cotidianas e etcs. Vejo o que pensava, o que me indagava e respondia.
É Fantástico. Hoje aprendi coisas com um eu passado. Coisas comigo mesmo.
Tenho que ter um tempo de volta pra mim.
Pra minhas anotações e estudos.