Semana pesada. Faz muito tempo que não escrevo, pois eu estava viajando. Não era um lugar muito longe, mas era confortável. Talvez seja por isso que quando ouve quebra eu despenquei. Sabe? Viver é uma arte. Concluo dentro da minha ignorância, e mínima percepção de mundo e todo o caos que a cerca, não basta compreender, ou saber disso e daquilo, é necessário viver de fato.
É perigoso. É prazeroso. É triste e feliz.
Bom faz tempo que não escrevo, como já disse, estava viajando. O lugar que eu estava era lindo! O céu passou dias azul, um azul contagiante que me fazia sorrir. Quando tinha nuvens, eram pesadas, riscavam o chão, mas elas vinham para me abraçar... E a Lua! Que bela a Lua, pena que ela é inacessível, como tantas outras coisas... É... O lugar era bonito. Era quente, doce, leve, encantador, dava para se admirar horas e horas, todas suas paisagens e cada mínimo detalhe. Estava voando dentro de um sonho que existia dentro de mim, desde o tempo na qual eu nem sabia quem eu era.
De repente, da calma fez os trovões, do inevitável a confusão, do desejo a negação, do amor a solidão. Num instante qualquer, na qual já pressentia, fiquei imóvel, sem fala jogado num canto sujo e frio, que há tanto tempo vivia – estava em casa novamente, mas o lugar que eu estava era melhor, é bom viajar sim, mas o retorno é torturante, diria até uma maldição – e não sabia o que fazer. A situação estava contra mim, o tempo, as nuvens, o vento, o Sol, a chuva, a Lua... Retornava eu a mim mesmo.
Fazia tempo que não escrevia, mas agora estou de volta pra minha casa. A onde vou ficar durante muito tempo. Choro por isso.
Momentos assim em faz desejar a morte... Mas ainda da pra viajar muito. Mas é essa maldição: não importa onde eu for, minha casa estará me esperando.
Diz um certo Eugênio Barba, que a casa é nosso corpo: toda a nossa memória está cravado aí em experiências. Algumas conscientes outras não tanto, mas aí.
ResponderExcluirO Bachelard também me faz pensar em minha casa-corpo, mas ele coloca essa casa primeira dentro de outras: reais, irreais.
A viagem é sempre entre essas casas: a real que está comigo, a irreal que crio com o mundo, com as coisas dele, com os seres com os quais convivo. Não há maldição nisso: a casa não sai do lugar concreto, pelo menos a primeira casa. A outra não existe de fato: é extemporânea, não tem tempo próprio - é criação da minha relação com o tempo presente, com o espaço presente (não existe se não em mim e para mim).
Essa outra casa é a que mais me interessa no teatro: ela me provoca liberdade, ela me sugere metamorfose, interpretação...
Fazia também um tempão que não comentava. Não sei porque a lacuna. Apenas lia diariamente esse diário interpessoal.
Nessas últimas semanas, fui posto em prova em muitas situações. Em algumas tenho controle, sei que possuo, não foi um problemas passar por elas... Mas quando acontece algo que tu se ve sem poder de reação, como o teu caso no estacionamento, a sensação é horrível, uma sensação de injustiça, de solidão, de desprezo, de ser descartável... A troca de experiÊncias, de fatos, de processos com as outras pessoas é fundamental, percebo no trabalho em grupo, que quando tu entende uma pessoa e a si mesmo, o respeito e a união aumenta mais.
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