domingo, 12 de setembro de 2010

esperando godot

me vejo assim, como tudo ao meu redor, de uma forma exaustiva, cansado, os meus olhos dilatam, se pudessem eles saltariam para fora e mergulhariam em alguma banheira de hidromassagem, infelizmente minhas lágrimas já não servem para aquela limpeza rotineira, mas o tempo passa, surge novas imagens, no meio dia a dia, nas minhas madrugadas, e em meus sonhos, tudo para preencher meu vazio, um vazio que está sempre escuro, sempre há um vento interminável e bravo soprando por todos os lados, há água até os meus joelhos e uma constante sensação de frio, um cheiro de passado e futuro, e uma espera sem fim, mas às vezes os restos criam cheiros e cores, e tudo fica pairando o ar, parece um jardim de flores múltiplas em cima do maior dos oceanos, algo visto da Lua, algo que invade o sono daquelas pessoas mais leves, de mente clara e coração livre, e deliberadamente eu volto a cair, continuo no banco de réus sendo atacado, agarrado nas grades da razão, torturado pela minha consciência, e aqui fico parado, em pleno setembro esperando a próxima noite de setembro, a de agosto, abril, janeiro, o primeiro dos meses e o fim de que tanto me deleito, que seja, daqui alguns minutos ela vai ter na frente da sua casa, sentado na varanda tomando um copo de whisky, e cantando com as estrelas, pendurando em cada uma delas pequenos objetos de sorte, escrevendo com letras caprichadas minhas tristes preces de amor, mas falta pouco, bem pouco, talvez três meses e sete dias, ou vinte e quatro meses e dezenove dias, para minha morte, na verdade morro sempre ontem, e ressuscito de várias formas, que já nem me lembro qual foi a primeira, me vou, deixo aqui mais uma relato que talvez não se refira a nada, ou que vá para algum lugar, mas continuamos a esperar.

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