Sábado chato e lento. Ainda tenho em mente as coisas que aconteceram ontem. Todos os gestos, toques, beijos e palavras. Agora to aqui no meu quarto iluminado pela tela do computador, escutando Tchaikovsky, o mago russo. As músicas dele são lindas, tristes e pesadas. Quando escuto ele minha alma sobe até o ponto mais profundo do Céu, e logo após, despenca lá de cima como uma rocha gigante e enorme, pesada, caindo no chão e explodindo com o impacto em mil pedaços. Pode tocar russo suicida maldito. Filho da mãe.
Poucas pessoas souberam fazer as coisas direito no passado. Não cito hoje em dia, porque hoje em dia tudo é copiado, ou vem do lixo, ou serve apenas para levantar dinheiro. Quem faz direito não é reconhecido. Talvez nem precise, quem da valor? Foda-se, não sei.
Aliás, de algumas coisas eu sei. To com sério problema de concentração no trabalho. Não consigo parar e ler certas coisas. Grotowski é muito bom. Stanislavski melhor ainda. Mas o problema não é esse. É a porra da literatura!
Eu me sinto um idiota por certas coisas e outras não. Leio muito, isso é um fato. Nessa semana li três livros, compreendi, analisei, interpretei. Foi lindo. Mas e o que eu preciso? É difícil, a obrigação é quase como um chute no saco às vezes. E esse Bukowski é um porra loca desgraçado, me faz rir. Fazia tempo que eu não lia algo que me fazia ri.
Isso me faz pensar em todos os meus falsos sorrisos do dia a dia. Tem gente que é muito chata, ou que quer agradar sempre. As pessoas são chatas, isso é comprovado cotidianamente, ou vivencialmente. Confesso que da pra contar nos dedos o número de pessoas que gosto de conversar, que deixo de fazer algo, ou pensar outra para me atirar na conversa. As outras pessoas são um peso morto. Não interessa.
Esse chiado maldito da caixa de som ta me irritando. Vou concertar essa merda e já volto.
Desliguei umas das caixas de som. Não conseguir abrir a caixinha por falta de equipamentos.
Agora toca Chopin. Noite de clássicos, queria dançar até, mas ela ta doente. (Tadinha tossia muito ontem à noite, bebeu, fumou. Não quero falar dela. Sou vou falar dela quando ela estiver perto de mim.)
Voltando ao assunto, ler o que eu tenho que ler ta sendo difícil, parece obrigação. Mas é.
- Comprometimento ao trabalho.
- Eu sei.
Já que não vou sair hoje, por motivos de saúde maior (tadinha...), vou aproveitar e ler o que eu tenho que ler e estudar. O texto é enorme, mesmo assim quando o leio vou até o final. E também, a noite é mais produtiva que o dia. O dia é desgastante, poucas vezes lindo e encantador comparado com a noite. A noite o silêncio é bravo, as estrelas estátuas brilhantes, e o infinito fica mais infinito do que nunca. E Chopin dança sem para, quase morrendo, quase voando, no meio de jardins, entre guerras, vai e volta...
Tenho desejos e não me desprendo deles, e agora, tenho sentenças de mortes também. Obrigado Chopin, polonês filha da puta!
A bandeja está vazia. É possível que Chopin esteja nela. Tchaikovski, não. Há mais de Tchaikovski em mim do que eu gostaria.
ResponderExcluirO homem é obrigado a ouvir aquilo que não quer.