domingo, 25 de outubro de 2009

Minha casca

Estou mostrando minha casca
Onde muito me diz
E onde não me diz nada

Onde parte todas as linhas que me mechem
Onde estão todas as linhas são mostradas
Minha casca

Ela envelhece
Ela fortifica
Ela está a mostra

Mas ainda estou intacto

Ainda permaneço escondido
Não por opção, mas porque é assim.

Muitos olhos me viam
Mas não me olharam
Não conseguiram enxergar o que de fato
Era importante
Ou talvez
Significante o suficiente pra mim...

Minha casca exposta
É um sinal de coragem?
Um sinal de entrega?
Desnudamento?

Ainda estou esperando
Não deles
Mas de alguém que ainda não sou.

Um comentário:

  1. A máscara está sem a roupa. Ela é dura. É tecida de fios muito finos e longos como a própria idade. O desnudamento é lento. Grotowski fala em autorevelação (não diz do quê). Stanislavski fala de inspiração (como algo que se faz com descontrole).

    A máscara está sempre lá, aonde devia estar, intacta. Eu sou um que tenho acesso. O outro é uma construção minha. Não tem nada de próximo de minhas vontades, de minhas intenções.

    A máscara está sempre lá. Não há como escondê-la. Para percebê-la é só abrir-se, permanecer atento, entregue às circunstâncias.

    Depois de vista, ela fica na memória e fatalmente vira ficção. Não é mais aquilo que é, nem aquilo que foi. É aquilo que eu quero que seja.

    "Quem, eu?"

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