quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Marlowe

Prólogo:

É meia-noite, mais ou menos. Não chove. Faz calor e ao mesmo tempo um vento frio aparece de vez em quando. Fausto está em seu escritório. Tudo dorme. Seu filho está na cama, sono inocente, mal sabe o quanto a vida pode fazer. Fausto e eu, você também, somos inocentes, mas sabemos disso. Fausto trabalha em mais um projeto. Mas ele para num momento. O vento se cessa. A luz da vela está quase no fim. Ele agora é íntimo do silêncio e da noite. Sente medo. Escuta um chiado longo. Parece vir de dentro de sua cabeça. Ele balança a cabeça e coça o braço esquerdo. Passa as mãos no rosto, tentando se acordar. Alguns ruídos vem da rua, outros do quarto ao lado, do vizinho, de dentro de seu corpo, de dentro da sua cabeça a sua própria voz que não para. É muito barulho. Ele se levanta, pega as chaves de casa, o seu palitó e sai pra rua.

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