Era um cigarro que se ia no silêncio.
Ao longe o céu se tornava azul, aos poucos, conforme o Sol morria.
Estava mais frio, era um inverno rigoroso, embora não se soubesse se era inverno ainda.
E esperava.
Se esperava.
Não havia muito o que se fazer.
Embora já era noite. Escuro e sem Sol algum. As sombras estavam vindo das montanhas.
As estrelas opacas eram os únicos seres a se manifestarem sem medo.
O silêncio era incomparável. (Acesso de tosse, quase inaudível)
Agora tudo era silêncio, tudo era sombra.
Estranho mesmo foi ficar sem medo e sem vontade de sair dali, daqui.
O que sei?
(Mais outra crise de tosse, inaudível)
(Senta-se no chão, ou o que se parece com ele)
Não posso falar de depois. Ou após. Seguinte.
Quando tudo se passou, eu voltei aqui. Pois aquele, este, lugar é meu, se tornou meu dono.
Mas logo depois de criar a intimidade, rompemos. E voltamos. Rompemos novamente. Cansamos é óbvio.
Tento prever, para passar o tempo nesse lugar inóspito, nesse ermo infinito escuro, indo para o pior.
(Crise de tosse, extremamente barulhenta)
Os minutos aceleram, e às vezes descansam. E já se ouve os passos lentos e precisos. Indesejada.
Triste ter que cair tantas vezes. Mas não posso partir.
Há corredores e mais corredores surgindo.
Não possui saídas. Possui, mas elas não param e nós não queremos entrar em nenhuma delas.
Precisamos nos poupar pois está frio.
E as cores vindas de gritos sem palavras, mas vinda de todos esfíncteres, ganham território pelo nada.
(Aqui caberia outra crise de tosse)
E corredores estão cheios de seres parecem terem vindo de todos os cantos, seres queridos, mortos.
Vivos na condição orgânica.
Livres, mas presos dentro dessa liberdade.
Me junto a eles? Mas eles estão parados?
Eu também estou.
(Sorriso)
O que foi isso?
O que?
Um sorriso!
Não entendo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário