segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Monólogo I

Há um certa dificuldade de se conviver com dificuldades, mas não há dificuldades para se tentar quebra-las. Sigo numa etapa dificílima pra mim: monólogo. O Diário de um Louco me mostra uma face, em quanto tento bater na outra.
O texto se mostra imperativo e minhas ações efêmeras. Quero criar uma ligação intensa entre eu e o público. Como fazer isso? [...]
Quero que eles fiqeum 90% do tempo com seus esfíncteres apertados. Quero grito, quero silêncio, quero escuridão... Aberração, distorção...

A loucura realmente existe? Quem leva a vida normalmente é que é louco.


O Buraco do Espelho
Arnaldo Antunes

o buraco do espelho está fechado
agora eu tenho que ficar aqui
com um olho aberto, outro acordado
no lado de lá onde eu caí
pro lado de cá não tem acesso
mesmo que me chamem pelo nome
mesmo que admitam meu regresso
toda vez que eu vou a porta some
a janela some na parede
a palavra de água se dissolve
na palavra sede, a boca cede
antes de falar, e não se ouve
já tentei dormir a noite inteira
quatro, cinco, seis da madrugada
vou ficar ali nessa cadeira
uma orelha alerta, outra ligada
o buraco do espelho está fechado
agora eu tenho que ficar agora
fui pelo abandono abandonado
aqui dentro do lado de fora


É isso!

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