Segure minha mão, vamos atravessar o rio aos poucos. Desde pequeno que esse rio esta aqui, apenas no inverno ele enche. Podemos atravessá-lo a pé sem maiores problemas.
Não se estranhe é assim mesmo. São os peixes, eles nos beijam, dançam em torno de nosso corpo, de nossa pele. A sensação me faz sentir criança, me faz sentir vivo.
Veja! Tudo esta envelhecido. A laranjeira, a parreira, a casa, a garagem, o portão, a estrada. O tempo não perdoa, nem deveria. Se todas as coisas continuassem como estão seria uma decepção manter-se vivo. Mas as coisas boas deveriam ficar. Quanto? É muito tempo acho, na verdade, não sei.
Você ta diferente. Não, não, não. Você não mudou. Teus olhos são os mesmos, tuas mãos, tua alegria, teu sorriso... Não. Você não pode ter mudado tanto em tão pouco tempo. Sim, mas eu digo de mim. Minhas orelhas indicam noites intermináveis, dores de cabeças infernais, lágrimas escondidas e apreendidas... incompreendidas, tristes.
Sabe Aline, estou velho. Descobri tentações, desejos, prazeres, medos, virtudes, dúvidas, canções, textos, palavras, sorrisos... O mundo da tantas voltas... Sério? Pena que você só vê o que eu aparento, só vê o que ta aqui. O físico. O que envelhece pode ser escondido, assim como sua beleza. Os olhos não são a porta de entrada para a alma. Nem o sorriso, nem as palavras.
Não sei. Tem perguntas que não possuem respostas.
Não, Aline, não estou velho. Sei disso por causa das tentações, dos desejos e tantos medos que tenho. (pausa). Por que você me olha de forma tão analítica, Aline? Não estou te analisando, sério. (pausa longa). Você tem um sorriso bonito, Aline. Devia rir mais. Gosto das suas explosões em forma de riso.
ResponderExcluirTá bom, Aline. Não era o que eu queria dizer. Vá pra casa, vá! Outro dia você volta, não se preocupe. Eu sei que você volta. Daqui uma semana talvez?
gostei.
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