Onde eu andava a dois anos atrás? Três anos? Cinco?
É estranho se perceber vivo. Imaginar todo o tempo perdido e todo o tempo que ainda deve se criar. Mas foi complicado, delicioso, pertinente, excitante, amável e triste.
A cada verso novo, a cada traço na tela, nota cortante, corpo desfeito, corpo entregue, a cada segundo, a cada noção desse segundo, a cada momento em que não se percebia esse segundo, e tantos outros... O veículo da vida.
Não se trata aqui de técnica, nem de compreensão a respeito de certas normas, ou discursos. Não. Nem sobre aquele ponto da onde toda a energia se irradia, que se alastra tomando conta do ambiente todo.
Talvez seja o encontro. Grotowski estava certo. Artaud estava certo. Eles estão certos. Bataille também. Mozart. Vininha. Van Gogh. Quem mais? Todos. Tudo, qualquer coisa. Qualque coisa no limítrofe entre o nada e toda a sua essência. Naquela cadência calma, que não existe e que se torna agitada, ressoando uma nota lá em cima, que toca tudo. Num piscar de olhos, num momento seco, no outro enxarcado.
Me pergunto como será amanhã? Agora que a ignorância se faz presente. Que finalmente um mapa se estabeleceu - sem coordenadas, sem limites, territórios mil - , que a respiração é ´rápida e sem consciência.
'O corte seco ainda sangra?' 'Medíocres de todo o mundo, eu os absolvo.' 'Penso, logo, esculhambo.'
Meus amigos, minhas amigas, é feriado. O mundo dorme lá fora, e eu grito aqui dentro.
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